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sábado, 20 de novembro de 2010


O primeiro Guitar Hero foi um verdadeiro divisor de águas. Embora não tenha representado o primeiro contado da comunidade gamer com os botões coloridos — algo que já havia sido feito vários anos antes pelo arcade MTV Drumscape —, foi a primeira vez que o formato pode transformar uma sala de estar em uma sucursal do Madison Square Garden.
Afinal, a Harmonix havia colocado tudo lá: músicas tremendamente conhecidas (algumas bem grudentas), avatares divertidos e bem de acordo com o clima do jogo e uma guitarra que, embora não tivesse cordas, trazia o formato do instrumento real — contando até mesmo com uma alavanca!
Posteriormente, a própria Harmonix abandonaria o barco de GH para revolucionar mais uma vez o mercado de botões coloridos. Juntamente com a MTV Games, a desenvolvedora colocaria nas prateleiras o primeiro Rock Band. O salto qualitativo era óbvio: uma “banda” inteira poderia tocar (guitarra, baixo, bateria e vocal), os instrumentos mostravam melhor acabamento e, há quem diga, o som tinha mais qualidade.
Entretanto, passada a febre inicial, o que se viu foi um acúmulo cada vez maior de músicas e funções que não necessariamente conseguiram manter a “peteca no ar”. Ok, World Tour apareceu com todo um estúdio — agora você poderia compor seus próprios hits —, Rock Band 2trazia novas músicas e as interfaces de ambas as franquias ganharam lá seus upgrades.
Entretanto, é inegável que, em algum momento entre os primeiros títulos e os estúdios móveis atuais, algo de original se perdeu. Ok, Rock Band 3 foi um tremendo sucesso de crítica, adicionando teclados e uma guitarra real à experiência. Mas será que o público que se deslumbrava com os primeiros acordes de Guitar Hero em 2005 é o mesmo que agora acha revigorante fazer acordes reais em um jogo? Afinal, qual será o futuro dos jogos rítmicos?
Ainda não é o fim da linhaEntre altos e baixos, há quem aposte na reinvenção dos jogos rítmicos
Img_normalEmbora as vendas de Rock Band 3 e Guitar Hero: Warriors of Rock não sejam propriamente animadoras, ainda há quem acredite que isso não representa o fim da linha. Segundo o analista da Screen Digest Piers Harding-Rolls, o gênero musical passa atualmente por uma reinvenção. Uma reinvenção que, segundo o Rolls, deveria atentar para sete pontos que determinaram o atual horizonte cinzento dos botões coloridos e games afins. Confira:
Superexposição
Talvez o mais óbvio de todos. A questão aqui é muito simples: a mecânica central e, à princípio, bastante original de jogos como Guitar Hero e Rock Band sofreu ao longo dos anos um desgaste considerável. Isso porque foi explorada ao extremo. Segundo o analista, o imenso número de periféricos e títulos acabou por “minar o frescor original da experiência”.
 Setlists pouco abrangentes
Segundo o analista da Screen Digest, as listas de músicas lançadas atualmente não são mais tão abrangentes como já foram um dia. Isso excluiria boa parte do público casual — notório comprador de novidades e movimentador de mercados.
Os jogos atuais focam em um nicho muito restrito
Trata-se quase de uma consequência do ponto anterior. Rolls afirma que as franquias de jogos rítmicos estão hoje demasiadamente focadas em um nicho bastante restrito. A saber: um nicho que foca muito mais nos fãs de carteirinha. Ok, é ótimo ter um séquito constantemente ligado a uma marca... Mas só isso não basta para sustentar uma franquia milionária, ao que parece.
Periféricos sensíveis a movimentos
Trata-se provavelmente do maior “tiro no joelho” das franquias rítmicas consagradas. Segundo o analista, os periféricos de GH e RB competem pela mesma fatia de mercado do PlayStation Move e do Kinect, que estão agora “na flor da idade” para os olhos da indústria de games.
O está mais focado em jogos de dança
Os jogos de dança alavancaram o gênero rítmico na sua gênese. Após andar um tempo meio “de molho”, parece que chacoalhar o esqueleto para acompanhar uma música voltou a moda — com o incentivo óbvio de Kinect e Move, naturalmente. Segundo Rolls, “eles [os jogos de dança] são tão sociais quanto títulos baseados em guitarras ou em bandas, mas sem envolver um gasto absurdo com periféricos”. Raciocínio quase imbatível, diga-se de passagem.
Compre um kit se puder...
Sim, Rock Band 3 traz periféricos incríveis. O novo teclado é uma adição interessante, para não falar na guitarra real fabricada pela Fender — que vai do jogo ao ensaio da banda sem desafinar. Mas... Quem realmente tem dinheiro e/ou interesse em gastar várias dezenas de reais com algo assim? O público menos envolvido certamente lidava muito melhor com a ideia de gastar apenas com um periférico de plástico, não haja dúvida.
Marketing menos agressivo
Outro ponto levantado pelo analista da Screen Digest diz respeito ao marketing utilizado para promover os títulos rítmicos mais recentes. Para resumir, nada que se compare ao seu início. Lembrando ainda que, por exemplo, a Microsoft reservou algo em torno de meio milhão de dólares apenas para a campanha publicitária do Kinect, o que resta são ainda mais presságios ruins.
O futuro ainda terá ritmoA aposentadoria dos botões coloridos... Será?
Piers Harding-Rolls conclui a sua análise da seguinte forma: “Eu não acredito que o gênero musical tenha encontrado um beco sem saída”, afirma o analista. “Acredito que os títulos de dança vão se sair bem durante o próximo Natal”. Quanto aos formatos mais tradicionais: “Com base na sua performance atual, essas marcas encaram agora o desafio significativo da reinvenção, a fim de atrair as grandes audiências novamente para esses títulos”.
Sim, Rolls simplesmente inclui os jogos de dança entre os “jogos musicais”. Olhando por esse ponto de vista, não seria realmente difícil imaginar que o sucesso estaria assegurado. Afinal de contas, com epítomes casuais como Dance CentralJust Dance Michael Jackson: The Experience, é difícil negar a tendência.
Menos abrangente... Só que mais refinado
Img_normalEntretanto, no fim das contas, talvez seja uma boa ideia voltar à ideia do “nicho cada vez mais restrito” de Guitar Hero, Rock Band e afins. Em outras palavras, isso quer dizer: o que começou como uma mera curiosidade acabou tornando-se tão abrangente e elaborado que hoje faz parte da lista de compra de jogadores verdadeiramente hardcore.
Dessa forma, embora os botões coloridos tenham perdido parte do seu apelo como “tecnologia emergente”, o refinamento da experiência original atrai hoje até mesmo músicos profissionais — que durante um bom tempo execraram a fórmula — e aspirantes a algum instrumento.
Enfim, para compensar a debandada daquela enorme fatia do público mais interessada em novidades, há um novo nicho emergindo em torno de títulos como Rock Band 3. Afinal, esse parece ser o destino de todo o conceito tecnológico que sobrevive aos anos: surgir como curiosidade e, caso subsista, ganhar mais e mais aprimoramentos.
 
Quer dizer, quem poderia afirmar que mesmo os estrondosos controles sensíveis a movimentos não poderiam acabar enfrentando esse mesmo ciclo? Mas, por ora, talvez o melhor seja você relembrar alguns dos seus passos de dança preferidos — assim como nós fizemos recentemente (confira o vídeo acima).

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